Hoje é o Dia das Mães!
Já cantei não só pra minha mas pra algumas mães hoje. Fiz parte da programação especial por esse dia lá na igreja.
Foi difícil, porque ao mesmo tempo que queria homenageá-la as lágrimas queriam sair, mas consegui dar conta do recado e deixei o choro pro final. rs'
Hoje tenho um textinho pro dia de hoje. E ele me foi indicado pela minha mãe.
Conforme fui lendo me identifiquei, acho que todos nós, os filhos, se encaixam dentro de alguma situação descrita pela autora.
Às mães que lerão ou estão lendo este post desejo um Feliz Dia! Que nós filhos possamos lhes homenagear todos os dias com nossa postura e atitudes.
Espero que todos vocês gostem! ;D (Raquel)
Mãe, só tem uma
"Mãe!", grita a voz de menina na loja movimentada. Viro-me naquela direção e o mesmo fazem várias outras mulheres. Não importa que eu esteja sozinha na loja e minhas duas filhas sejam bem mais velhas do que a dona daquela voz indefesa. Quando escuto"mãe!" fico pronta para agir, para salvar.
Claro, todos falam primeiro "papá", mas nós mulheres sabemos que é só porque as bocas pequeninas ainda não conseguem alcançar a maravilha redonda da palavras mãe.Nessas três letras, muito é dito. Como o esperanto, mãe tem significado universal.
"Mãe...mãe." O som é uma trilha de névoa no meu sono. Jéssica deixou cair o ursinho de pelúcia; o cobertor está fora de seu alcance. Vou ao quarto dela, aos tropeços, ponho o seu ursinho a seu lado, ajeito o cobertor, debruço-me no berço, beijo-a e murmuro o meu amor. De olhos fechados, volto para a cama. Nem preciso acender a luz - conheço bem o caminho.
"Mãe" é palavra que me atinge depois que saio da melhor creche da cidade. Todas as professoras têm diploma universitário e são mestras em gentileza. As salas são claras, as crianças variadas, os grupos pequenos e o conteúdo educacional é estimulante. No entanto, ao sair daquele lugar, algo em meu coração está gemendo.
Chegando ao escritório, ligo para lá, imaginando ouvir seus gritos ao fundo.
- Jéssica parou de chorar assim que a senhora saiu - conta a professora.
Mãe é palavra definida no dicionário como "mulher que deu à luz um ou mais filhos". Entretanto, no correr dos anos - Jéssica, a primogênita, e Sarah, que chegou quatro anos depois - têm usado a palavra com significado muito maior.
Aos 4 anos, quando Sarah grita "Manhê!", sei que ela abotoou a blusa errado ou o fecho ecler enguiçou. Jéssica, aos 7 anos, grita "mããee!" em tom de acusação. Não consegue encontrar o outro pé de meia. Seu estilo muda à medida que fica mais velha. Aprende a ritmar a palavra, a pronunciá-la suavemente: "Pode fazer o favor de passar a ferro vestido amarelo?".
Sarah, aos 13 anos, diz seus "mães" com veemência. Quando já está atrasada para o colégio, "mãe" quer dizer: "Estou louca para ter roupas novas. Não posso acreditar que tenho existido nesses trapos!".
Jéssica, na idade em que começa a ir ao colégio dirigindo o carro, ainda fala "mãe" quando as roupas estão sujas, amassadas ou sem graça. Só que agora "mãe" significa: " Por favor, pode me emprestar sua blusa de seda nova?".
- Mãe?
Sarah está com quase 17 anos e raramente bate à minha porta de manhã. Mas reconheço que sua voz está vulnerável.
- Quer que ajude a digitar o trabalho? - pergunto, tonta de sono.
Ela faz que sim, e rompe em prantos.
- John está uma fúria comigo e não sei por quê. Não quer falar comigo...
Eu a abraço. Faço chá, dou-lhe uma caixa de lenços de papel e espero que ela fale. Uma parte de meu ser quer proteger minha filha das feras crueis que a fazem chorar, mas outra parte sabe que ela ganha forças nessa luta.
- Mãe, o que devo fazer?
O apelo penetra em meu coração como uma flecha. Queria que a resposta ainda fosse simples. Desejava poder encontrar o pé de meia, emprestar a blusa e acabar como heroína.
No momento tenho meus problemas. Estou exausta. Sinto o esgotamento de ser responsável por mim e por minhas filhas. Estou cansada. Converso com amigas e elas se mostram compreensivas. Converso com meu irmão e ele tenta resolver os problemas. Preciso mais do que isso.
Então, disco o número que antes ligava da faculdade, depois do meu trailer no Alabama, do duplex na Alemanha e de uma série de casas pelo Meio- Oeste.
- Alô? - A voz está falha, insegura.
Já passou por tantos acontecimentos que desconfia de mais um golpe.
- Mãe? - digo.
- Benzinho, você está bem? - pergunta mamãe.
Não sei por que, aquilo era tudo o que eu desejava ouvir.
(Deborah Shouse)