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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Que Tal Um Café?

Oi gente!
Vocês não fazem ideia do quanto fiquei feliz em receber mensagens nas minhas redes sociais de leitores perguntando mais do casal da última história que escrevi.
Teve até leitor que conseguiu ir além do que eu tinha escrito.
Estou contente com esse feedback de vocês. (:
O texto de hoje é a continuação da história sob o ponto de vista do rapaz. 
Espero que vocês gostem. Se sim, compartilhem! ;)

Que Tal Um Café? 




Quando me chamaram para ir ao bistrô na hora do intervalo topei no mesmo instante. Eu estava com a cabeça cheia. Meu chefe tinha pedido que eu elaborasse um projeto que eu mal tinha conseguido mexer. Eu estava bloqueado e tinha um prazo de entrega que estava se aproximando.
Eu mal havia conseguido prestar atenção no que o professor dizia na aula de Cálculo porque este assunto não saía da minha cabeça. Assim que deu o intervalo meu amigos e eu fomos ao bistrô.
No caminho falávamos sobre o jogo do dia anterior Fla X Flu. Aproveitamos para tirar um sarro com a cara do Antônio que torce pro Fluminense e quase não havia falado durante o trajeto, afinal de contas o Mengão ganhara.
Quando entrei no bistrô os caras ainda  estavam falando disso e foram em direção ao balcão fazer os seus pedidos. Eu fiquei parado por uns instantes perto da porta observando uma moça entretida com seu livro numa mesinha ao fundo do bistrô e que parecia gostar, pois raramente bebericava seu café. Saí do transe quando o Lucas me deu um cutucão me perguntando se eu faria ou não o meu pedido.
Depois de pegarmos nossos pedidos nos sentamos perto da calefação. O dia estava muito frio. Era considerado pela meteorologia como o dia mais frio do ano. Os rapazes já haviam mudado de assunto e eu continuava intrigado com a garota do livro.
Num rompante me levantei e decidi ir até ela. Peguei o meu café e fui. Ao me aproximar da mesa li Orgulho e Preconceito na capa e sorri.
 Me lembrei da minha irmã que teve que lê-lo pra fazer um trabalho de literatura estrangeira e acabou se viciando na história desse livro. E acabou me fazendo assistir o filme com ela. Assisti e posso dizer que achei que o filme seria aquele melodrama, que tem em todo filme de romance, e confesso que achei a história bem interessante ao ponto de pedir o livro emprestado pra minha irmã.
Puxei assunto com a garota falando sobre o livro. Num primeiro momento ela ficou na defensiva e pude perceber que ficou intrigada pelo fato do meu conhecimento a respeito do livro. Trocamos umas ideias rápidas a respeito dos personagens que gostávamos mais, trechos do livro e do filme que chamou a nossa atenção até que os rapazes me chamaram pra me juntar à eles. Me despedi dela e caminhei em direção à mesa deles.
Ao chegar à mesa só me perguntaram quem era a garota. Respondi o que veio primeiro à minha mente. Só então que me dei conta de que não havia perguntado o nome dela. Uns minutos depois a vi caminhar em direção a porta, então acenei e ela retribuiu. 
Fiquei pensando no que havia acontecido durante o nosso trajeto de volta. Até o momento em que o Antônio me trouxe a realidade quando disse:
- Não sabia que você conhecia a Pérola. Ela está cursando Antropologia. Sei disso porque pra conseguir carga horária para as atividades extras fui assistir uma palestra no auditório e a conheci lá. Gente boa.
- Pois é. A conhecia de vista e trocamos umas ideias hoje. 
Então esse era o nome dela. Dois dias se passaram e eu resolvi voltar ao bistrô. Pedi um expresso e ao me virar me deparo com a Pérola sentado na mesma mesa lendo mas, desta vez, o livro era outro. Caminhei em direção à ela e me sentei. E fui logo puxando assunto porque ao contrário do outro livro que acabei gostando por osmose este eu havia gostado de cara. O C.S. Lewis foi um baita escritor e como eu costumo dizer se ele estivesse vivo o convidaria pra tomar um café e trocaríamos muitas ideias.
Falamos do livro, dos filmes lançados e dos que ainda serão. As horas passaram voando e antes de nos despedirmos pedi o telefone dela.
Desde esse dia nos falávamos quase todo o tempo que tínhamos disponível, fora o estágio dela e o meu trabalho. E praticamente todos os dias nos encontrávamos no bistrô e conversávamos sobre assuntos cotidianos, polêmicos ou não. 
Nas mensagens que trocávamos comecei a perceber que seu modo de falar comigo estava mudando. Em contraponto apesar de querer  me fazer presente seja através de mensagens ou fisicamente, não podia, estávamos no segundo semestre daquele ano, as responsabilidades com o trabalho haviam aumentado sem falar nas atividades da faculdade. Ao poucos as mensagens se tornaram escassas e minhas idas ao bistrô (quando dava) não coincidia com o horário dela. Por fim, perdemos o contato.
Semanas se passaram e as últimas semanas de aula chegaram e minhas preocupações se amenizaram (um pouco). Até que num dia reunido com meu grupo de estudo - estávamos preocupados com a prova de Cálculo que aconteceria no dia seguinte - a vi passar. Percebi seu olhar em minha direção, acenei e caminhei em sua direção. E disse:
- Oi! Está tudo bem com você?
- Sim. E com você?
- Está tranquilo. Eu disse.
 Queria dizer tanta coisa mas nada saía da da minha boca. Ela por sua vez me encarava de maneira severa. Os segundos que passaram pareceram eternos, queria me desculpar. Resolvi quebrar o gelo.
- Que tal mais um café?
A vi franzir o cenho, como  se perguntasse se deveria fazer aquilo ou não. Então me respondeu:
- Aceito. Mas que tal em outra cafeteria?
Fiz que sim com a cabeça e fomos em direção a cafeteria que ela havia sugerido. 

Raquel Lobo

terça-feira, 12 de julho de 2016

Vai Mais Um Café?

Oi gente! Sumi por mais uns dias né?
O mês de junho foi tão corrido...
Mas o post de hoje é uma outra história que não sai da minha mente. 
Os personagens não paravam de falar.. Por isso resolvi compartilhar com vocês.
Espero que vocês gostem! (:


Vai Mais Um Café?




O dia estava frio. Ouvi a moça do tempo dizer que aquele era o dia mais frio do ano. Aproveitei o horário do intervalo entre uma aula e outra pra ir ao meu bistrô predileto que não ficava a duas quadras da faculdade.
Pedi um expresso italiano naquele dia. Não havia dormido direito na noite anterior, pois, perdi a noção do tempo lendo pela enésima vez um romance que havia ganhado de presente de uma amiga.
Precisava estar acordada pra conseguir prestar atenção nas aulas. 
Peguei o meu café e me sentei numa mesinha ao fundo do bistrô, peguei o livro e comecei a ler. Estava no clímax da história e com uma curiosidade pra saber o desfecho. Afinal de contas não é sempre que em pleno século XIX a personagem principal tem opinião e rompe com as regras da sociedade. Lizzie Bennet me cativou. Fazer o quê?
O lugar era uma calmaria. Mas em questão de minutos tudo mudou. Houve uma revolução. 
Ouvi risadas e conversas em voz alta. Levantei os olhos e por cima do meu livro pude perceber um grupo de alunos do curso de Engenharia tendo um papo descontraído.
Eu não era a única que queria me refugiar do frio naquele lugar. Voltei a minha concentração para a história quando de repente ouço uma voz  falando sobre como havia gostado desse livro.
Quando me virei pra ver quem era o dono da voz confesso que me surpreendi e que joguei por terra alguns pré-conceitos que tinha.
Um cara descolado com um jeito desprendido não me parecia que pudesse gostar de um clássico como aquele. (Sim, podem me condenar. Quem nunca julgou um 'livro pela capa' que atire a primeira pedra). 
Fiquei envergonhada comigo mesma. E então começamos a conversar sobre os personagens, trechos marcantes e coisas do gênero. Até que seus amigos o chamaram pra se reunir ao grupo. Ele se despediu e foi .
Percebi que precisava voltar pois meu tempo estava acabando. O estranho quando me viu passar acenou para mim. Retribuí. Saí daquele lugar mudada porque desconstruí alguns conceitos e intrigada.
Dois dias se passaram até novamente nos encontramos no mesmo bistrô com a diferença de hoje ele estar sozinho.
Eu estava no mesmo lugar só que desta vez lendo ' As Crônicas de Nárnia' de C. S. Lewis e entre uma folheada e outra bebericava meu macchiato. Sem muita cerimônia ele se sentou na minha mesa com seu expresso e ao ver a capa começou a tagarelar a respeito do livro e dos filmes. 
Me disse que há uma quarta história das crônicas para ser produzida e sua visão a respeito de personagens e afins. Descobri que até nossa visão mais densa a respeito da obra era similar.
Perdemos a noção do tempo e algumas horas haviam se passado, o café havia ficado frio e nossas cabeças com várias informações novas.
Trocávamos mensagens durante quase todo o dia. Menos no período do meu estágio e trabalho de ambos (eu cursava Antropologia na época).
Nosso ponto de encontro se tornou aquele bistrô. Falávamos de tudo política, economia, HQ, comida, tempo e romances frustrados.
Quando me vi estava apaixonada por aquele cara. Clichê né? Se uma amiga minha me dissesse isso falaria:
- Sai dessa vida, garota! Isso é uma cilada. Mas é como o ditado diz ' faça o que eu digo mas não faça o que eu faço'.
Até que de uma maneira sutil as coisas foram mudando. As mensagens que antes eram uma constante aos poucos foram se tornando raras. O café que antes era nosso ponto de encontro voltou a ser o lugar que me refugiava nos dias frios.
E os dias se passaram.
Eram as últimas semanas de aula. E os estudantes estavam agitadíssimos. Grupos de estudo se formavam em diversos lugares do campus perto do lago, no ginásio, nos corredores e na biblioteca. 
Eu precisava passar na biblioteca pra pegar um livro de Renate Brigitte Viertler que nem em pdf eu encontrava, quando numa dessas salas de estudo o vejo com seus amigos reunidos concentrados, estudando para alguma prova de cálculo. Ao me ver ele acenou, se levantou e com um sorriso sem graça no rosto veio à minha direção.
- Oi! Está tudo bem com você?
Tentando agir com a maior calma e sem mostrar qualquer incômodo disse:
- Sim. E com você?
- Está tranquilo. Ele disse.
Os segundos seguintes foram ensurdecedores, se assim posso dizer, pois meu silêncio dizia algo e seu estado mostrava muita coisa. E pra quebrar o gelo ele disse:
- Que tal mais um café?
E mesmo indo contra tudo aquilo que acreditava ser o certo e ignorando a razão. Simplesmente disse:
- Aceito. Mas que tal em outra cafeteria?


Raquel Lobo